—UASHUAHSUAHSUA!
—Nossa,
Sapabela! Que alegria!
—Sou
feliz! Rospo, mas não precisa espalhar.
—Quem
falou em temer? É que não acho justo algumas colegas gastarem
energia de forma tão infrutífera.
—Sapabela,
hoje é domingo, dia da parlenda.
—Parlenda?
—“Pede
Cachimbo”, lembra?
—É
verdade! Mas, como estou feliz!
—O
que foi, querida?
—Descobri
que tenho quarenta e cinco anos.
—Yupiiii!
—Não
exagere, Rospo!
—Mas
isso é motivo para alegria e felicidade mesmo, principalmente por
ser deveras interessante ter quarenta e cinco contracenando com os
vinte e cinco que florescem a cada nova manhã...
—Essa
coisa de juventude é mitológica... Mas se um dia eu envelhecer...
Saberei o que de fato terei perdido a partir de então...
—Gosto
muito de vê-la feliz, amiga.
—Ora!
Veja só! Ontem, fui comprar a bebida gelada para o domingo e o
vendeiro me solicitou a carteira de identidade... Disse que não
costumo levar documentos quando vou até a esquina, mas ele não quis
me vender, disse que agora é lei. Disse que não vende bebidas
geladas para sapas com dezessete anos... Álcool? Só para maiores.
—Impressionante!
—Pois
é, sinto-me uma gatosa...
—Gatosa?
Seria gata gost...
—Rospo,
isso é pleonasmo. Eu quis dizer Gata idosa. Isso é gatosa. Uma gata
idosa...
—Ser
idosa é uma boa, desde que não envelheça...
—Rospo,
só o corpo vai mudando... Mas a alma de Sapabela vai ao avesso...
—Ao
avesso?
—É,
rejuvenesce a cada dia...
—Claro,
transita entre luzes...
—Entre
sapos arejados, amigos brilhantes e fiéis...
—Valoriza
muito a amizade, não é, Sapabela?
—Amizade
é como namoro. Requer cuidados diários, zelo incessante,
investimento, esmero...
—Às
vezes algumas sapas, quando começam a namorar se afastam de antigas
amizades...
—Que
bobas. E você, Rospo, como já se deu conta de que hoje é o dia da
parlenda, que hora vai me convidar?...
—Esse
verbo é tudo, pois será agora.
—ACEITO!
—Pois
vamos a padaria Rubi, que algum trocadinho eu tenho...
—Sorvete,
aqui vai uma de dezessete.
—Acompanhada
de um sapo muito feliz...
—Rospo,
posso gargalhar?
—Aprenda
definitivamente: algumas coisas não se pede...
—Pois
então: UASHUAHSUAHSUA!
—Sapabela,
diga o que é o que é, que pode ser roubado ou conquistado.
—Sei
não.
—Coaxsnog!
—Rospo,
você beijou a minha face...
—Respondi
de forma concreta. Não fique brava por um beijo roubado num domingo
de manhã...
—Roubado?
Quem falou em roubado?
—Yupiiii!
HISTÓRIAS DO ROSPO 2012 — 813
Marciano Vasques
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