ALEGRIA É RESTAURADORA
Lá
ia pela calçada um sapo quando encontrou uma velha amiga.
—Yupiiii!
—Rospo,
você apenas me encontrou. Isso é aventura?
—É
a aventura de viver, querida. Tudo pode estar acontecendo ao mesmo
tempo, milhões de mundos explodem numa contagiante alegria
simultaneamente à dor e às lágrimas. Assim é a vida. Palavra,
você sabe, pode ser aço ou doce... Mas a vida é uma festa, é como
o corpo, uma festa maravilhosa, pois é de maravilhas que falamos...
—Está
bem animado, amigo. Vamos...
—Yupiiii!
—Rospo,
nem falei, e você já faz esse barulho todo. Quer que todos olhem
para nós?
—Sapabela, seja o que for que ia dizer, o verbo é por demais atiçado. Esse tal de “vamos” é irresistível, quando se trata da sua companhia.
—Sapabela, seja o que for que ia dizer, o verbo é por demais atiçado. Esse tal de “vamos” é irresistível, quando se trata da sua companhia.
—Pois
vamos ao licor de anis. A padaria Rubi está repleta de luzes e de
sapos felizes.
—Sapabela.
Será que os amigos que me seguem em silêncio na Rede acreditam que
sou feliz?
—Não se preocupe com isso, Rospo. O importante é que ao seu lado sou também feliz. Desde aquela tarde em que me viu saindo da floricultura e fez aquele escândalo todo só pra chamar a minha atenção...
—Não se preocupe com isso, Rospo. O importante é que ao seu lado sou também feliz. Desde aquela tarde em que me viu saindo da floricultura e fez aquele escândalo todo só pra chamar a minha atenção...
—Claro,
uma flor andando... Escapando da floricultura...
—Não
toma jeito.
—Sapabela,
você toma jeito, por acaso?
—Só
tomo licor de anis, Rospo.
—Não
me faça, ou melhor, me faça rir...
—Tomei
conhecimento de que um grupo de sapos, incluindo um psicólogo e um
jornalista, do Rio de Janeiro, participou de uma discussão sobre as
nossas conversas...
—E
qual foi a conclusão deles?
—De
que elas são para clarear adultos que precisam de claridade de
Clarice em suas vidas.
—Muito
bem, vamos à padaria Rubi. Quero estar perto de sapos felizes e
alegres. Só a alegria tem a força vital de sabadoficar as nossas
vidas.
—Tem
sapo que vive reclamando da tristeza, do desânimo...
—A
tristeza não interessa aos que lavam o rosto nas águas do riacho da
filosofia ou da poesia... Quem estiver triste deve buscar o amparo da
arte... Ela tem o dom de restaurar a alegria. Arte é isso, alegria.
Mesmo que...
—Mesmo
que?
—O
tema de uma pintura, um filme, uma canção, sejam temas que se
refiram à coisa triste, pois tem de sobra no mundo, mas ela, a arte,
tem a alma da alegria... Vista-se de arte!...
—Insisto,
Rospo, tem sapo que por causa dos problemas sociais, e de tudo de
errado que acontece, não acredita na alegria.
—Garanto
uma coisa, Sapabela. Esses sapos não estão na padaria Rubi, para
onde estamos indo agora, pois se bobear, a note se vai...
—Rospo,
posso fazer bem baixinho?
—Claro!
—Yupiiii!
—Sapabela,
você é especial...
—Rospo,
isso eu já sei, fale alguma novidade.
—É
divertida.
—Nossa!,
quantos sapos na padaria Rubi!
—Sapabela,
siga sempre o mistério...
—Que
mistério, Rospo?
—Ser
ao mesmo tempo frágil e fazer parte de uma imensidão.
—Rospo,
sabadofiquei-me...
—A
tendência da tristeza é se tornar incurável, afinal, ela é o
grande vampiro que vai sugando a potência do ser, mas a alegria, é
restauradora da vida... E por ela a vida vale a pena ser vivida...
intensamente.
HISTÓRIAS DO ROSPO 2012 — 816
Marciano Vasques
Nenhum comentário:
Postar um comentário