sábado, 13 de outubro de 2012

O BEIJO GIGANTE

—Rospo! É sábado!
—Já é noite de sábado, amiga.
—E então?
—Poderíamos ir até a...
—É pra já!
—Nem falei!
—Vou me aprontar em um minuto, meu querido.
—Isso não existe.
—Rospo, sempre vale a pena esperar.
—É verdade, bobo o sapo que ainda não aprendeu isso.
—Vou desligar.
—Até logo mais.

Breve estão os dois caminhando numa calçada.
—Estou tão feliz, Rospo!
—Eu também, e a noite está fria. Isso é melhor ainda, pois inspira um licor de anis.
—Sabe, Rospo, estive pensando no beijo gigante.
—Que beijo gigante, bela?
—Às vezes, recebemos um beijo gigante e nem nos damos conta.
—E como é esse beijo gigante?
—É o beijo da consciência, e também o beijo da Poesia. Esse beijo é um estalar em nós, um toque repentino, uma luz breve a nos chamar. Somos filhos da alvorada, sempre, e a vida se renova a cada dia, a cada noite. Pobre do sapo que se esqueceu das estrelas... Desse manto bordado para nos regalar a alma com brilho e a inesgotável fonte da alegria.
—E às vezes assusta contemplar as estrelas, por causa da imensidão.
—Rospo, o beijo gigante é o beijo da aventura de viver, é o beijo de um bem querer, é o beijo da brisa suave a nos tocar a face...
—Sei, o beijo gigante é a porção melhor de cada um que se manifesta através das coisas que são e importam. Esse beijo gigante certamente estará nas coisas simples da vida, e é nessa simplicidade que nos deparamos com aquilo que somos profundamente... Pois o que somos profundamente é diferente do que apenas fugazmente somos, de forma superficial... Só o mergulho interessa, o mergulho para si,
—Veja, lá está a padaria Rubi com as suas luzes.
—Yupiiii!
—Li outro dia que o que mais tem no brejo e no mundo são sapas.
—É verdade, tem mais sapas do que sapos...
—O que pensa disso?
—Que um sapo não pode esquecer de algo muito valioso.
—Sim?
—Que não importa que tenha tantas sapas no brejo e no mundo... O que realmente importa é que cada sapa é única, e feliz o sapo que encontra a sua....
—Viu só? Isso é um beijo gigante.
—Vamos entrar?
—Vamos, estou com saudades do licor de anis.
—Yupiiii!
—Rospo, o beijo gigante sempre estará espreitando o sapo que intensamente vive o aprendizado da colheita.
—Sapabela, só o beijo gigante importa, não é?
—Sim, entre tantas miudezas contemporâneas, ele resiste.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2012    — 833
Marciano Vasques

2 comentários:

  1. A vida é simples, . . . as pessoas não.
    Beijos!!

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  2. sinceramente, leí parte...y me gustó, el tiempo apremia!
    un abrazo
    lidia-la escriba

    pd:mi blog fue jakeado,precisamente...no existe!
    nuevo blog

    www.nuncajamashablamos.blogspot.com por si quieres pasar!

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