sábado, 23 de março de 2013

ENCONTRO NA NOITE DE SÁBADO

—Aeeeeeeeeeeeeeeeeeeeê!
—Que alegria é essa, Sapabela?

—Sábado! Noite de sábado. Na convergência das vidas não vividas nos perdemos na paixão dos abraços sinceros. E encontrá-lo aqui sob a luz de neon é tudo de bom, amigo.
—Tem conversa?
—Sempre tem, meu querido. Vamos, comece por você.
—"Não me atrapalhe!", vivo a dizer...
—Para quem, Rospo?
—Para o meu melhor amigo.
—E quem é ele?
—Eu, Sapabela, eu sou o meu melhor amigo, tal como é você a sua melhor amiga.
—Tem razão, Rospo.
—Talvez a nascente dos obstáculos seja em você...
—Mas tem as derivas...
—Pois é, somos cercados de bons amigos, alguns de amizade sincera, mas também de muitos que estão a nos atrapalhar.
—Assim é essa complexidade da natureza do Sapo, Rospo. Mas, conte-me: sei que a política atualmente o enoja, mas diga algo: você foi?
—Fui, devo ter ido, mas, onde?
—Ao enterro da ética.
—Ela morreu? O povo do brejo deixou?
—O trio, nego, o trio.
—Que trio?
—Carnaval, cerveja e futebol.
—É um quarteto, Sapabela!
—A novela, esqueci da novela.
—Ficou mais vermelha que o tomate com vergonha do preço.
—Pois então, voltando ao nosso assunto: o melhor amigo de um sapo é ele mesmo.
—É o amigo principal, depois vamos ao principado, onde encontraremos os outros amigos, os autênticos...Vamos ao lugar onde podemos resgatar o sentido original da palavra"amigo"...
—Que lugar é esse, Rospo?
—A vida real.
—Ufa! Pensei que estive falando da Rede Social...
—Sapabela, sou tão feliz...
—Não precisa ficar divulgando isso, Rospo. Bem sabe, a maioria vai ficar preocupada com a sua felicidade.
—Sapabela, meu bem. Tem razão. Melhor sempre pôr um pouquinho de tristeza no tempero da vida. Assim não incomodaremos ninguém. Se um sapo é plenamente feliz, pode realmente causar algum incômodo...
—Mas não se esqueça. Tristeza? Só da boca pra fora, para camuflar um pouquinho... Pois lá dentro é só felicidade, só alegria. Mas, quer saber? Deixe cada um com seu veneno ou com seu licor... Quero gritar e todos devemos assim fazer: gritar que somos felizes. Pois eu sou feliz!
—Eu também. Sou muito feliz, estou feliz...
—Desvendei o segredo!
—Pois diga então.
—Produção.Quem produz é feliz!
—Eis a mágica.
—Rospo, você falou de licor.
—Foi você!
—É? Bem, seja quem tenha sido, isso me fez lembrar do licor de anis.
—Yupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
—Nossa! Arrepiou.

ROSPO 2013 — 863
Marciano Vasques

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