sexta-feira, 8 de março de 2013

O DIA INTERNACIONAL DA SAPA

—Rospo! Hoje é o "Dia Internacional da Sapa"... Vai ter licor de anis?
—Yupiiii!
—Não é para se assanhar tanto!

—A melhor forma de comemorar essa data é estar ao lado de uma sapa. É bom demais, sô!
—Rospo, pois vamos comemorar. É um dia de rosa, de bombons e de licor de anis...
—É mais que isso, querida. É um dia de rosas, sim, de bombons, e muito mais, mas é também um dia de profunda reflexão, por tanto sangue, tanta dor e tanta opressão...
—Tanto silêncio, não é?
—Tantos gritos...
—Por que a necessidade de oprimir a sapa?
—Nos séculos do Amém, as sapas se tornaram oprimidas de um tal jeito que ainda precisa ser escrito o livro do mundo pelos olhos da sapa.
—E hoje, como é hoje?
—Hoje muitas sapas sabem que são cantadas pelos menestréis, que são flores, são o bendito fruto da poesia, mas ao mesmo tempo, mais e mais sapas são assassinadas em suas casas. O lugar do pleno aconchego tornou-se a insegurança...
—Tem filósofo brilhante, porém arrogante, falando bobagens sobre as sapas...
—O referencial de um grupo não pode ensejar padronização. A sapa da multidão rejeita a música que a trata como cachorra, e segue silenciosamente na rua onde as histórias se cruzam e se abraçam...
—Rospo, o romantismo é necessário?
—O romantismo, por si, não devasta nem aniquila o encanto do companheirismo. As vertentes das mazelas e das sequelas do cotidiano não têm força para arrancar da sapa ou do sapo a felicidade da vivência no amor. O companheirismo é  a mais extraordinária experiência humana do Sapo. Quando eles rompem todas as barreiras da vida, com seus bloqueios, suas muralhas e seus ferros, e se tornam namorados, amigos, companheiros...
—Qual a melhor forma de homenagear a Sapa neste dia?
—Este dia está em todos os dias, Sapabela. E a melhor forma de homenagear uma sapa é respeitando-a... Não o respeito hipócrita...
—Entendo, a sapa é plenitude na vida, no amor, no sexo... E acima de tudo, lição de companheirismo... Onde deveria começar o respeito pela sapa?
—No direito dela de disputar em igualdade de condições as oportunidades na sociedade, e poder trilhar sem temores e submissão os seus caminhos do saber e da edificação de sua própria vida e sua história. Viver é mais do que apenas estar no mundo, é participar da construção do próprio mundo, com a sua presença, de abelha estelar, de pássaro prateado sem fronteiras...
—Diante de tal grandeza, Rospo, um bombom, uma rosa, é pouco...
—Rosas, bombons, e quaisquer presentes, são brilhantes quando acompanhados do respeito e do amor, e você sabe, amor é compromisso, e compromisso é entrelaçamento.
—Tido isso parece meio ilusório hoje. Os relacionamentos estão descartáveis.
—Por isso a responsabilidade de cada sapo e de cada sapa está cada vez mais intensa...
—Sei, e para terminar, aqui colhi uma pergunta crucial: Existe alguma regra, alguma forma para o sapo e a sapa viverem o seu amor?
—Não. O Sapo e a Sapa devem viver da forma como bem quiserem o seu namoro. Se são felizes é o que importa. E a felicidade é a motriz da vida. O namoro é a mais elegante segredo de um casal, e a sapa lutando pelos seus direitos e sendo respeitada pela sociedade é a alma do mundo...
—A alma da época, eu diria.
—Sapabela, como hoje é dia 8 de Março, na certa o licor de anis...
—Quero!
—Yupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!

ROSPO 2013   — 861
Marciano Vasques

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