domingo, 11 de julho de 2010

COLIBRÃ É BAILARINA



- Que lindo!
- Gostou?
- Não sabia que você era bailarina. Desde quando?
- Desde quando o que, Sapabela?
- Desde quando você é bailarina?
- Espere um pouco, minha querida. Nós já tivemos uma conversa assim. Eu não sou bailarina desde sempre. Eu me fiz bailarina.
- Fale um pouco sobre isso.
- Outra vez? Pois bem: eu fui me lapidando, lapidando. Ser bailarina é questão de treino e treino. A minha lapidação é resultado da minha persistência.
- Entendi.
- Você sempre entende tudo, minha querida.
- Questão de treino, persistência...
- Não compreendi.
- É o aprendizado do ouvir. Com o passar dos anos, fui lapidando a minha atenção, e de tanto adquirir o gosto pelo ouvir, acabei entendendo tudo o que  ouço.
- Exatamente! Assim aconteceu comigo: Eu não era uma bailarina. Eu virei uma. Agora posso dizer que adoro bailar ao som melodioso de um violino. Mas foi tudo uma questão de teimosia...
- Bastou o querer?
- Não. Bastou o seguinte: Eu quis e eu fiz.
- Colibrã, como é bom ter uma amiga bailarina!
- Como é bom saber que alguém nos ouve!
E assim as duas acabam se abraçando, como se estivessem ao som de um violino.


HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 128

Marciano Vasques
ARTE; Daniela Vasques

2 comentários:

  1. AMIGUITAS LA VOLUNTAD MUEVE MONTAÑAS,
    QUERIAS SER BAILARINA Y LO CONSEGUISTES.
    UNA ABRAZO, Montserrat

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  2. Como é bom ler alguem que escreve fabulosamente (de fábula, mesmo)
    questão de treino, não é mesmo?
    abraços...e pelo seu agradecimento acima, de nada, é sempre um prazer te ler...

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