domingo, 11 de julho de 2010

O SAPO E O BOLERO



- Sapabela, posso contar uma história?
- Claro, Rospo, adoro histórias...
- A sua dívida está aumentando...
- Que dívida, Rospo?
- As histórias que ainda não me contou...
- Pode ficar em paz, meu amigo, que já tenho algumas na ponta da língua, mas agora, conte a sua história.
- É sobre um sapo cantor de boleros...
- Pode começar.

 **

"Estava desempregado o sapo cantor de boleros. Batia de porta em porta.
- Assim não dá, Sapo! Por que não canta outro tipo de música? Algo assim mais alegre, mais movimentado.
- Mas só sei cantar boleros...
- Ninguém mais quer ouvir boleros, Sapo.Sinto muito. Gostei da sua voz, mas...
- Também faço poesia!
- Para que serve poesia?

E assim lá ia o sapo, desgostoso, desgostoso...

Todo o dia a mesma coisa, desde que resolveu do brejo sair e a cidade grande procurar.

Certa tarde, leu um anúncio num jornal: Rã solitária procura sapo que aprecia boleros. Favor enviar a voz para a Caixa Postal 53125...

Foi assim que uma fita atravessou os correios, levando a romântica voz.


Breve estavam juntos. E sempre, durante um bolero, o sapo pensava:
- Verdade. Sempre haverá uma rã fã de bolero.
E sem mais lero - lero, bolerando, bolerando, o sapo, feliz, entoava um bolero...

                                                       **
Que história bonita, Rospo! E quero revelar uma coisa.
- Diga, Sapa...
- Adoro boleros. Essa história parece que foi feita para mim...
- Nunca se sabe, nunca se sabe...


HISTÓRIAS DO ROSPO 2010- 129

Marciano Vasques
ARTE: Daniela Vasques


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