- Rospo, você é livre?
- Não tenho independência econômica, mas tenho algo precioso.
- O que é?
- O meu pensamento, Sapabela.
- Isso todo mundo tem.- Engano.
- Mais um?
- Ora, Sapa, o pensamento só é livre quando não é dirigido, quando não é guiado...
- Sim?
- Por nenhuma religião, nenhum partido político, nenhuma instituição, nem a familiar...
- Rospo, você está exagerando. Os sapos precisam de orientação, de "disciplina espiritual"...
- Como você é espirituosa!
- ...senão o pensamento...fica desembestado e pode galopar sem freios pela cidade...
- E a cidade amanhecerá numa riqueza, num manancial de poesia...
- Mas nem sempre o pensamento livre torna-se poético. Tem muita maldade no brejo, querido...
- Só tem uma saída, Sapabela.
- Qual?
- Livros.
- Mas, enquanto a leitura não estiver ao alcance de todos, o que pode ser feito?
-Então, para muitos, só resta as rédeas da sociedade.
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 -- 200
Marciano Vasques
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