quarta-feira, 29 de setembro de 2010

DIÁLOGO NO PONTO DE ÔNIBUS


Rospo encontra um conhecido no ponto de ônibus.
- Difícil administrar tantas sapas, meu amigo Rospo.
- Você tem muitas sapas?
- Lógico, Rospo, acha que sou sapo de apenas uma sapa?
- Então gosta de iludir...
- Claro, meu amigo, meu papo é imbatível...
- Sei...
- E como as sapas são fáceis de enganar, não é?
- Jura?
- Basta você falar umas frases. Se pôr "Eu te Amo", pronto. Elas caem direitinho. Sou especialista nisso. Como as sapas são tolas! Como são bobinhas...
- Elas não são tolas, são diferentes...
- Ora, Rospo, Sapo tem que conquistar muitas Sapas...
- Uma lógica traiçoeira para você mesmo, não é?
- Do que está falando?
- Tantas conquistas para nada, pois no fundo você está sozinho...Quanto mais iludir, mais dificuldades terá para arrancar a solidão que aos poucos vai corroendo a sua consciência...
- Você é moralista? É conservador? Qual é a sua?
- A minha? Bem, por enquanto somos amigos. Seu nome é Sapabela, mas um dia quem sabe...
- Rospo, já ouvi falar que você deixa qualquer um irritado, mas está exagerando... Cada um cuida da sua vida...Tchau! Que meu ônibus está chegando, e a "garota" de hoje fica brava se eu me atrasar...
- Tchau! Concordo com você, cada um cuida da sua vida, mas, como pode descuidar tanto da sua?
- O que foi?
- Estou falando da alma, da mente, do coração...
- Tchau!
À sós, Rospo reflete sobre o diálogo:
- "Como ele consegue espalhar tanta ausência de amor?"

HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 260

Marciano Vasques



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