segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O OLHAR DA SAPABELA

- Sapabela, na verdura dos seus olhos...
- Meus olhos nem são tão verdes, Rospo. Aliás, eles possuem um verde bem claro...
- Clareza é o que mais tem no seu olhar.
- O que está acontecendo, Rospo?
- Na verdade, eles são verdes... Espero que quando amadurecerem, continuem verdejantes... para o mundo.
- Meus olhos não estão maduros, Rospo?
- Estar verde é como estar em inflorescência, em permanente desabrochar. Para mim, eles representam o broto, o brotar para a vida, para a visão das coisas que passam...
- Rospo, você está inspirado, ou é uma cantada?
- Temia que perguntasse isso.
- Por que, meu amigo?
- Nenhuma sapa suporta um elogio.
- Ora, Rospo, elogio sincero de sapo faz bem, muito bem, mas quando é exagerado...
- Às vezes um sapo derrama um pote de melado por uma migalha...
- Rospo, sem potes de melado, ofereça-me apenas uma flor.
- Sapabela, é você que precisa aprender a colher flores...
- Não disse que havia clareza em meus olhos?
- Sim, mas eles precisam aprender a distinguir as flores banais das essenciais...
- Rospo, não sei bem aonde você quis chegar, mas uma flor do seu jardim jamais será banal.
- Por que sempre essa cortina, Sapabela?
- Que cortina? ...
- A cortina que corta a visão do seu coração...
- Verduras às vezes precisam de proteção, Rospo...
- Excesso de proteção também pode significar medo de viver, Sapabela. Por que não abre os olhos para as coisas que realmente importam?
- Diga uma dessas coisas.
- Quando mergulho no meu jardim interior e busco uma flor para você...
- Compreendo, Rospo, prometo que vou aperfeiçoar o meu olhar...
- Viva! O meu jardim irá florir intensamente.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 337

Marciano Vasques

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Um comentário:

  1. Olá amigo!!
    Estou participando de uma campanha no blog,se tiver um tempinho, passa lá pra ver... Beijos!!!!
    Uma ótima semana!!!

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