segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

AS VOZES NO GALOPE DAS ASAS

Beirando um lago, está o Rospo a cismar e a contemplar. Sapabela, que por ali passava, repara que o velho amigo está com os olhos presos nas montanhas do horizonte.
— Rospo!
— Sapabela!
— Gosta de ficar olhando a serra azulada ao longe...
— Uma cordilheira sempre me faz pensar...
— Sobre que coisas pensa?
— Que no alto das montanhas moram as vozes...
— Que vozes?
— As que viajam no galope da ventania do tempo...
— Nas asas...
— Verdade, no galope das asas...
— Fale sobre elas...
— As vozes da poesia, dos gritos de liberdade, as que declaram amores, as que clamam por ...
— Rospo, essas vozes estariam preservadas numa biblioteca...
— Sim, mas eu as estou ouvindo na grande montanha, no livro da grande montanha...
— Pareceu-me que olhava para a grande montanha...
— Sim, os olhos e os ouvidos sempre vivem em sintonia.
— Posso sentar ao seu lado?


 HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 425
Marciano Vasques
Leia CIANO

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pesquisar neste blog