sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

SOB A PRATEADA LUZ DA LUA

— Posso ficar aqui?
— Claro, Sapabela, amigos foram feitos para esses momentos...
— Mas você parece tão pensativo, tão contemplativo... Será que não atrapalho?
— Não. Você jamais atrapalha... Já viu a Lua hoje?
— Confesso que esqueci... Como foi possível que eu caminhasse pela calçada sem erguer os meus olhos uma vez apenas para o alto...
— E ela estava lá, ainda está, deixando o seu rastro prateado, para clarear os corações como o meu, o seu...
— Rospo, mas os rastros prateados são ilusórios. A Lua não tem luz própria. Ela é um satélite... A luz que ela derrama sobre o nosso brejo é na verdade o reflexo da luz do Sol...
— Sapabela! Não faça isso!
— O que eu falei de errado?
— Tudo, minha querida, tudo...
— Rospo, estou confusa...
— Sapabela, quando eu estava falando que a Lua derrama seus raios prateados e transbordam os nossos corações de saudade, de poesia e de amor...
— Você disse isso tudo?
— Às vezes uma frase basta, Sapabela. Ela pode abrigar um mundo...
— Sei. Mas, o que afinal eu disse de errado?
— Sapabela, eu falei de algo que não morrerá jamais, que não desvanecerá de nossos corações nos próximos séculos e séculos e você, ora, você veio falar de Geografia...
— Entendi, Rospo, às vezes é melhor a gente esquecer um pouco do conhecimento...
— Não, meu bem, às vezes é preciso lembrar de um outro conhecimento...



HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 432

Marciano Vasques
Leia também CIANO

2 comentários:

  1. Lembrar do conhecimento da alma...Perfeito!
    Luz
    Ana

    ResponderExcluir
  2. Adorei o Elvis, os Beatles e todos os outros
    Adoro essa música!
    Luz neste dia!
    ana

    ResponderExcluir

Pesquisar neste blog