segunda-feira, 7 de março de 2011

O SAPO E O TEMPO

— Ele bem que poderia dar uma trégua.
— Ele quem, Sapabela?
— O senhor vaidoso...
— Vaidoso? De quem fala?
— Tem alguém mais vaidoso do que ele?
— Ainda não tenho o dom de adivinhar, Sapabela. De quem está falando?...
— Dele. Aqui está ele.
— Onde?
— Estava. Já passou!
— Só conheço alguém que passa tão ligeiro, Sapabela.... O tempo....
— É dele que falo.
— O tempo não tem jeito. Como disse a canção, ele "não apita na curva, não para no porto, não espera ninguém..."
—Ele podia ser um pouco generoso e menos implacável...
— Sapabela, ele só pede uma única coisa...
— O que ele pede, Rospo?
— Ele quer ser usufruído, mas, com sabedoria... Aproveitar o tempo, esse manancial... ligeiro, é viver da forma mais sábia... Pois ele está lá, a nos espreitar desde a infinita estrela ao mais distante amanhecer...É o mesmo que sempre foi... Traz na sua ventania as vozes dos séculos.... Não mudou e nem mudará... O Sapo inventou o calendário, as horas... São apenas marcações,anotações...
— É verdade, Rospo... Pois ele, o tempo, está onde sempre esteve. Na sua passagem, na minha passagem, ou seja, na nossa duração...
— Ficou um pouco difícil de entender, Sapabela...
— É simples, Rospo... Somos nós que passamos. O tempo não passa. ele simplesmente nos concede passagem...
—Sapabela, você tem tempo para um sorvete?
— Vamos, Rospo, não vamos perder tempo!

HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 465
Marciano Vasques
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