Lá vinha a Sapabela, toda agitada, braços no ar, eufórica.
— Eu vi! Eu vi! Eu vi!
Rospo, que estava lendo um livro à beira do lago, tratou de acalmá-la.
— O que você viu, Sapabela?
— O carnaval! Eu vi o carnaval...
— Onde você viu? Eu já percorri o brejo inteiro e nada vi...
— Na TV, Rospo, eu vi na TV...
— Entendi. Um simulacro...
— O que disse?
— Nada. Então você viu o carnaval? E como ele é?
— Luxuoso, Rospo, muito luxo e muito brilho...E os sapos nas arquibancadas assistindo...
— E por acaso viu também aquela velha alegria autêntica?
— Rospo, você é sempre muito exigente.
— Quer dizer que o carnaval está na TV?
—Exato.
— Por isso que não o encontro em parte alguma aqui no brejo... Ele foi para a tela da TV...
— É isso mesmo.
— Mas tem lugares onde o carnaval ainda sobrevive como uma alegria autêntica dos sapos...
— Calma, Rospo, calma. A TV ainda chega lá.
— Lá onde?
— Nesses lugares...
— Então é lás.
HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 —466
Marciano Vasques
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