segunda-feira, 9 de maio de 2011

NO AEROPORTO COM A MINISTRA

 -Boa noite, ministra!
 -Eu por acaso o conheço, Sapo?
 -Claro que não, mas eu a conheço. É a ministra da cultura do brejo...
Para onde está indo?
-Ora, Sapo, se estou no aeroporto, certamente irei tomar um avião...
-Mas é sexta-feira à noite.
 -E qual o problema?
- Meu nome é Rospo!
-Eu perguntei?
- Não consigo entender...
- Diga o que não consegue entender...
-Sou um sapo informado. Leio jornais.
-Parabéns!
 -Se a senhora marca compromissos no Rio de Janeiro nas sextas e nas segundas, se tem esse hábito, por que então vai levantar voo na sexta à noite?...
-Isso é problema seu?
-Naturalmente. Sou um cidadão do brejo, e também contribuínte... E adoro cultura... Por isso fico de olho...
 -Ora, seu... Como é mesmo seu nome?
- Rospo, para os íntimos também...
-Tchau!
-Espere um pouco! Fiquei muito feliz quando soube que uma sapa ia ser ministra, ainda mais da cultura... Tem tudo a ver... As sapas são mais sensíveis...
-Não amole!
-Elas entendem mais os problemas e os dramas dos artistas...
- Pois saiba que isso é verdade.
- Por que vai para o Rio na sexta à noite e recebe diárias no sábado e no domingo, sem ter expediente, sem cumprir agenda, sem ter um só compromisso marcado?...
- Sapo, você está me incomodando.
- Eu sei, mas, além de não ter compromissos, ainda tem casa, tem imóvel, tem moradia lá no Rio, então não vejo sentido nisso, de a senhora receber do governo uma verba para diárias nos finais de semana... Como explica isso?
-O senhor é por acaso algum deputado? Alguma autoridades? Ora, me deixe em paz...
- Rospo não consegue deixar ninguém em paz.
-Tchau, seu chato.
-Será, senhora ministra, que isso faz parte da loucura geral que hoje assola o  brejo? Loucura que se instala em todas as almas...
 -Vou indo, Sapo. Adeus! Seu importuno... Não quero perder o avião...
-E eu não perco o trem da história...



HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 - 566
Marciano Vasques
Leia CIANO

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