terça-feira, 12 de julho de 2011

ESCRAVO? ESCREVA!

Rospo encontra um sapo abatido.
—Minha alma está um escroto.
—Escroto? Então, ela precisa ser escrita.
—Escrita?
—Contra o escroto, só a escrita, às vezes.
—Estou tentando entender, Rospo.
—Se sua alma é escrava, escreva.
—Está tentando me dizer que a escrita nos salva?
—A escrita é perene, lembra?
—Eu adoro coisas infindáveis, duradoras.
—Pois então, lápis à obra...
—Lápis?
—É só pra lembrar, meu caro amigo. Eu quis dizer, teclas à obra.
—Entendi.Quer dizer que a escrita pode ser um grande remédio.
—Para Erasmo de Roterdã foi...
—Mas, e o José Lins do Rego?
—Ele ouviu histórias quando era menino, depois, quando adulto, encontrou na escrita aquela felicidade que pensou ter havido perdido...
—Entendi. Vou tentar escrever, um poemeto talvez, umas mal traçadas linhas...
—Experimente. Quem escreve não se escraviza.
—Isso tudo é meio subjetivo, não é, Rospo?
—Mas precisamos do subjetivo, às vezes.

 HISTÓRIAS DO ROSPO — 636


Rospo está aos sábados em
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