quarta-feira, 6 de julho de 2011

SAPABELA MUITO PENSATIVA

Sapabela passeando na cidade numa tarde de invertono, encontra o querido amigo.
—Rospo!
—Sapabela!
—Que bom encontrá-lo! Estive pensando hoje sobre o pensamento.
—Quero ouvir.
—O pensamento é transformado  a cada nova invenção. E ele transforma o espírito da época. Ele também se enlaça num ciclo de dependência, ou cumplicidade com cada novidade a tal ponto que não consegue mais retroceder.
—Estou gostando, prossiga.
— O pensamento age em si de acordo com a novidade que o transformou.
—Como é isso, Sapabela?
— Veja só, o pensamento não se adequa, não é em si como antes, após o celular. Tal como não pode retroceder ao tempo anterior, antes da Internet.
—Sim, isso é perfeito.
—Tem uma curiosidade aqui.
—Sim?
—Se ele for "regido", ou seja, conduzido, ou ainda, transformado apenas pela ciência, realmente acostuma-se a um conforto tal que não conseguirá ser sem esse conforto.
—E isso não é bom?
—Naturalmente que sim, mas isso não é tudo, quer dizer, a convivência com o conforto, com os benefícios da ciência apenas, não transforma o pensamento a ponto de ele sentir-me mais humanizado. Parece contraditório o que estou dizendo, mas não é. Veja que se a convivência com o conforto torna o pensamento do sapo mais humanizado, não é o único elemento.
— Melhor desfiar um pouco essa noção.
—Tornar o pensamento do sapo mais humanizado a partir das conquistas científicas, pode significar um aperfeiçoamento das condições de vida exigidas pelo ser enquanto animal.
—Um pouco radical. Meio exagerado.
—Claro, claro que sim, mas tudo isso é para dizer que o pensamento é uma complexidade, um entrelaçamento de redes evolutivas que dependem de múltiplos fatores, ou causas, se podemos assim dizer.
—Aonde você está indo, Sapabela?
—Quero dizer que as transformações do pensamento são originárias de fontes diversas, não apenas a ciência... Na verdade, a sua 'humanização" é decorrente de algo que não acarreta nenhum benefício material, em princípio...
—Diga, Sapabela, diga...
—Ele enquanto razão, enquanto aperfeiçoamento "humanístico" depende, ou melhor, conta com a arte, principalmente.
—Podemos dizer que a arte e a ciência são as grandes responsáveis pela  evolução do pensamento?
—Certamente. Quando é inventado o celular, e ao mesmo tempo um artista apresenta a sua nova obra, esses dois acontecimentos, ao lado de outros, como uma nova legislação, por exemplo, criam as condições essenciais para que o pensamento se transforme em seu todo.
—Uau!


 HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 629
Marciano Vasques
Leia CIANO
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Um comentário:

  1. Depois de toda essa conversa! Eu acredito que o nosso pensamento se trasforma ouvindo esses dois...
    Lua
    Ana

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