domingo, 4 de setembro de 2011

ALMAS DO TEMPO




Encharcadas de querosene,
Almas
Afagavam o suor,
E às vezes até se lembravam
De que havia luar.
E até se enluaravam
Para disfarçar o carvão,
Que rabiscava nos corações,
Dores sem tradução,
Gemendo por lampiões.
Uma faísca sequer,
Num sorriso talvez.

E mulheres aprendiam,
Que nos dias claros
Adeuses espreitavam.

Palavras de aço
Estremeciam os amores.

Quem viu a poesia nas coisas que eram?

Numa ferrovia as histórias viajavam
Mais ligeiro que o viver,
Mais ainda
Que pensamento de menino,
Se deixarem.

Vidraças cobiçavam os olhos de um.

Entre tanques e varais
Rostos de cândida,
E olhares turvos
Perdiam-se,
Em dilacerados dizeres
Que nada mais queriam dizer.
Aos ouvidos cansados
Pelo abandono
Dos verbos essenciais.



MARCIANO VASQUES



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