sexta-feira, 9 de setembro de 2011

FRESTAS



Indelicadezas se estenderam vida afora,
Madrugadas.
E a outros prantos se somaram.
E ficaram assim pregadas,
Em rostos marcados,
Pelas intempéries
Das palavras que não cicatrizam.
Mulheres que se agarraram aos sonhos,
Que se foram em barcos à deriva,
Em noites germinais de ventanias:
Indecifráveis melancolias.
As doces ilusões
De doces caseiros
Com ternura,
Para quem nem mais ideia tinha
Do que se trata afinal tal coisa assim.
A ilusão de homens fiéis,
E nada além de um companheiro
Pra ouvir e pra dizer.
Mulheres pedem pouco,
E tão pouco,
E quase nada algumas,
De tão miúdo que é
O desejo,
O fiapo do desejo,
De serem simplesmente amadas.
Amor:
E só isso bastaria.
E alguns meninos não pregaram os olhos,
E madrugaram numa imaginação
De sons e onomatopeias,
Alucinando as noites
Das almas
Que assoviavam
Entre as folhas, e longe pra dedéu.
Esses meninos viram
Rosto maquiados
Em circos de abandono.
E ouviram
O diapasão anunciando
O biju.
Mulheres, nos sonhos
Mais antigos que Cashmere Bouquet,
De talcos ilusórios,
De bijuterias, sonhos a granel,
E bastaria um de valsa
Mas na valsa que a tudo
leva,
Deixaram entre os dedos
Escapar nada mais
Que o melhor,
De si.
Que dor caberia numa madrugada apenas?
Precisaria sim,
De um poema,
Pelo menos.

MARCIANO VASQUES



Um comentário:

  1. Lindo teu poema! "Que dor caberia numa madrugada apenas.."
    Luz!
    Ana Coeli

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