domingo, 18 de setembro de 2011

ROSPO NA PRAÇA LENDO O JORNAL

—Meu amor, quando nascer em meu coração, será 0800.
—Gostei, Sapabela. Fale sobre ele.
—Mas ele ainda não chegou, Rospo.
—E o que precisa para ele chegar?
—Não precisa de nada. Não se mede tempestades
antecipadamente. Ou melhor, precisa sim. Precisa ser puro. Um requisito essencial é a atenção. Ele, seja ele quem for, deverá ser atencioso. E você, Rospo, o que fazia naquele banco da praça, fingindo novamente que estava lendo jornal?
—Com efeito, Sapabela. Aprecio ouvir os namorados, preciso saber a quantas anda esse sentimento em nossos dias, tão tecnológicos...
—E gostou do que ouviu, seu curioso?
—Até que foi um diálogo interessante. Nenhum dos dois estava jogando no celular enquanto o outro falava. E a conversa desembocou numa preciosidade. Parece que os dois estão se separando.
—E você nada fez para impedir?
—Não pude, Sapabela. Ele era meio brutamontes, e poderia achar que eu estava entrando na conversa.
—Era conversa mesmo?
—Bem, o que ele dizia era assim: perguntava para ela quem a teria levado dele, quem teria tirado ela dele. Assim, tipo: "Quem tirou você de mim? Quem foi ele? Quem a tirou de mim?

—E o que ela respondia?

—Ela dizia da estupidez dele em várias oportunidades, da sua falta de atenção, ele preferia mais torcer pelo Peixe do que estar com ela.

—Então ele não gostava de marcar gol.

—O que disse?
—Nada, meu bem. Quer dizer então que ele é um torcedor do Santos e apreciava mais o futebol do que a sua própria sapa? Bem, sobre o que disse do gol, entenda: Estar com o amor da sua vida é ampliar o placar. Mas continue.


—E ele prosseguia naquele papo sem sabor que sempre vigora quando a sapa já se fora. E dizia: "Quem a levou de mim? Quem tirou você de mim?" Então, ela respondeu.
—Diga, Rospo! O que ela respondeu?
—Quando ele perguntou novamente quem a teria tirado dele, ela disse: "Foi você!"
—Xeque-mate!



HISTÓRIAS DOS ROSPO 2011 — 674
Marciano Vasques

3 comentários:

  1. :))) Uma história divertida. O Rospo se mete em cada uma...Um abraço, Yayá.

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  2. Deliciosas suas historias, sempre têm um fundo real, a atenção e o conversar são condições essenciais ao relacionamento humano.

    um abraço Marciano
    oa.s

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  3. Marciano,
    São ótimas as histórias do Rospo, divertidíssimas e fixam sempre conceitos e valores corretos. Os diálogos fluem naturalmente como correntezas de riachos cristalinos.
    Cada história uma observação, uma lição. Nessa o sapo babaca descobre que ele mesmo a levou dele. Tão babaca que que ainda não sabe que ele se levou dele. Quer saber? Bem feito para ele.
    Um abraço do Akira.

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