domingo, 13 de novembro de 2011

AMIGOS NA PRAÇA É DOMINGO DE GRAÇA



Domingo a todo vapor. Azul anilado, e promessa de alegria, pedindo cachimbo e sapos felizes. E lá vai ela, Sapabela, vestidinho, flor de azulzinho de miosótis no cabelo, que ela tem sim, alguns fios, e na praça, encontra o velho amigo, saboreando um livro.
—Rospo!
—Sapabela! Que lindinha! Está rosa!
—Eu estou verde, Rospo!
—É o vestidinho.
—O vestidinho é branco! Com detalhes azuis. O que é rosa, você não pode ver, meu querido.
—Posso sim, é esse cadarcinho do seu tênis.
—É mesmo! Como observa tantos detalhes em tão pouco tempo? Que ligeireza é essa, Rospo?
—Sapo autêntico, não é?
—Pare de ser metido! Sei que é autêntico. Nem precisa comprovar...
—Mas o selo é de garantia de paixão alongada...
—Do que está falando? Muito assanhado. Só porque é domingo? Ou o livro inspirou você?
—Não sou assanhado, sou um sanhaço. Das cores que seus olhos apreciam...
—Mas, diga, sanhaço querido: foi o livro que o inspirou?
—Não! Foi a garapa geladinha que tomaremos.
—Rospo, vamos de sorvete hoje?
—Vamos. Ei, Sorveteiro! Tem um sorvete sabor sanhaço para menina aqui?
—Rospo, veja se se comporta. Eu quero um de uva, moço.
—O domingo está um esplendor.
—Rospo, sempre para você está. Às vezes chove.
—E a chuva faz sonhar outras delícias. Vamos andar um pouco?
—Vamos, a calçada me traz muita alegria e preguiça de Mia...
—Mia?
—É nome de uma gatinha. E então, alguma novidade?
—Sim, eu já disse: o dia está lindo, um esplendor.
—Isso é novidade, Rospo?
—Sim, a cada dia, a cada manhã, todos os dias. Sempre digo, jamais perder o encanto, o espanto diante do mundo. Esse é o mistério, a grande chave guardada pelos mestres do universo anfíbio.
—Guardada quer dizer: protegida, preservada, pois está a disposição de cada um. Basta querer.
—Sapabela, eu amo estar com você. Que nunca me falte num só domingo.
—Jamais faltarei. Sou sua amiga. Se não puder comparecer na sua praça, ligo. Por isso jamais esqueça do seu celular.
—Sapabela: um sorvete, um domingo, um livro, uma amiga como você: Nem me caibo em tanto agradecimento.
—A vida, em sua generosidade, é simples no seu pedir, e como gratidão, só pede uma coisa: viver, viver intensamente, em retidão e alegria, mesmo que o espírito da época queira atrapalhar.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 699

Marciano Vasques


Um comentário:

  1. Viver intensamente em retidão e alegria...Visitar a Casa Azul todos os dias e jamais perder o encanto.
    Luz!
    Ana

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