sábado, 5 de novembro de 2011

ESOTÉRICA FRAGILIDADE

 ESOTÉRICA FRAGILIDADE

Éramos inflorescências!
Em nossos agasalhos, nossas confissões.

Éramos uma indecência cristalina.
Meu coração inerme e sem destino.
Éramos uma inocência de menina.
Almas devassas e clandestinas.

Explodir feito um Challenger.
Verter a dor que ser tarde faz.
Sem saber como usurpar
A inutilidade desta dor.

Apeguei-me facilmente
A um amor sazonado.
Eu, herética paixão dos solitários!
Exótica placenta da poesia!

O vento que clamo produz você.
Qualquer carícia usual
Bastaria agora.

No entanto, emigro.
Como enigma nos portos,
Nas docas dos amantes.


Morrer no que vive enquanto parte!
Deitar na catártica luz
Que produz
A parceria que se elegeu para ser essencial.
Tenho ideias esotéricas, fugazes, azuladas,
Do que seja partir.
E as mãos seduzidas
Pelo fulgor da sua ausência.
Que vendavais serei?
Se travei batalhas para adiar a paz
De um seguro cais,
Revés da mescla habitual e insípida?

Agonizantes e instintivos feixes
Que brotarão
Na perplexidade
Da noite profusa
Que nas constelações,
Em sua pele,
Sob o céu da beira do país,
Retém a esotérica fragilidade .


Marciano Vasques

Série: POEMAS ANTIGOS —Janeiro 1986

3 comentários:

  1. Bom dia Marciano:
    Bellísimo Poema.
    Si que somos frágiles.
    Ojalá la humanidad fuera tan fuerte como para alcanzar la Paz, sin necesidad de inútiles guerras.
    Beijos desde Valencia, Montserrat

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  2. Falas com paixaõ da nossa mais oculta fragilidade." Morrer no que vive esquanto parte! Dieitar na cartática luz..Muito belo!
    Luz
    Ana

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