Talvez, sem me dar conta,
Tenha agradecido ao infinito
Mas, ao roçar tua alma, tornei-me a própria gratidão.
Quando me escolheste para ser teu homem,
O tempo ainda não havia ofertado as suas dores.
Nos embaraçamos nos primeiros sinais
Da ausência de afagos.
Da ausência de afagos.
Dos verbos em fugas.
A incompreensão nos diálogos secos
Debatendo-se qual animal em armadilha,
Aos poucos olvidaram a imensidão
Que a vida pode oferecer
Num simples abraço.
Os jantares sem promessas,
O amor, o desejo ocultando-se,
A enxaqueca, as estrelas no charco,
A xícara de café,
Cuidados e descuidos.
Os conflitos tecidos, ressentimentos,
Racunho de sorriso abrindo flores.
Perdões se perdendo, fatias de pães,
Cumplicidades, pensamentos emaranhados.
Nunca quiseste um poema!
Mas o mais belo em ti nasceu.
O intransferível poema,
Jamais adoecido.
Nosso Drummond, nosso Ferreira Gullar,
O Tarancón. O lindo lago.
A minha barba sem fazer,
A aventura de olhar teu rosto
Em fibras, sulcos, rugas e pensares.
Em que ausência te buscaste?
Quantas palavras mastigadas
Numa acumulada timidez...
Os bares em que não fomos,
As calçadas
Nas quais jamais estivemos.
Onde não contamos
Nossa história.
Janelas de borbulhas flutuando,
De pintura morrendo,
Abrindo ausências e abandonos.
Descasos e esquecimentos.
Os avulsos poemas não escritos,
A elegante resistência do amor,
Silenciosamente mastigada.
Um homem e uma mulher: suas dores,
Segredos, ilusões.
A vida é de uma beleza medonha.
Mas se reserva.
E reservada, se roga.
MARCIANO VASQUES
Passeando por tua poesia...Admirando tua alma contida aqui.
ResponderExcluirQuando a alma dita e o poeta escreve o resultado é algo que nos toca profundamente.
ResponderExcluirUm abraço Marciano Vasques
oa.s
Melancolicamente triste, precisamos viver sem resevas..
ResponderExcluirLuz!
Ana