terça-feira, 13 de dezembro de 2011

CAVALO, MENINA...

Cenas da minha infância contribuíram para que eu viesse a me tornar o homem que sou: o cavalo que atolou a carroça numa valeta e foi chicoteado até tombar ao chão
e sangrar e se urinar de tanta dor, a menina que ficou um dia e uma noite inteiros, varando a madrugada, com os pés acorrentados na corrente de cachorro, e que de hora em hora recebia uma bacia repleta de água gelada,  que o policial aposentado jogava em seu rosto, dizendo que ela ficaria ali até confessar ter sido a autora do sumiço de 20 cruzeiros, ou valor assim. Ele a criava, por isso se sentia no direito de fazer isso. A minha alegria é ter a certeza de que tanto esse homem já deve estar fora do planeta, quanto o maldito dono daquele pobre animal.
Essas cenas me marcaram profundamente. E mescladas à vida feliz entre os eucaliptos, e as tardes azuis nas quais eu corria de tanto ser, compuseram o homem  que me tornei.

MARCIANO VASQUES

2 comentários:

  1. Cenas fortes prá uma criança.Mas nem por isso te tornastes amargo ou ressentido com avida.A prova é a tua poesia.alegria contida em teus escritos.

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  2. Oh amigo, que terrível saber que tem gente nesse mundo capaz de causar tanto sofrimento e dor em seres tão puros e inocentes, também vi cenas pesadas na infâcia que não gosto de lembrar, temos de fazer um mundo melhor, mais justo e fraterno com todos os seres.
    Luz!
    Ana

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