FELIZ ANO NOVO!

—Sapabela! Feliz Ano Novo!

—Obrigado, Rospo. Mas... está um pouquinho atrasado, não é?

—Eu? Atrasado?

—Não vá dizer que nunca chegou atrasado...

—Já sim, infelizmente. Mas, por que diz que estou atrasado na saudação?

—Ora, meu caro amigo. Já estamos quase em fevereiro. Não vê que os sapinhos estão agitados, todos enlouquecidos de vontade de voltar às aulas? O que mais querem é estudar.

—"Sei não, mas sinto que ela acordou meio irônica hoje..."  —Sapabela, você se engana. Não estou atrasado.

—Não?

—Hoje é um novo amanhecer.

—Sim?

— O novo ano deve começar todos os dias, a cada manhã. O fim de uma translação no zero minuto da virada de 31 de Dezembro é apenas uma convenção cultural. Na verdade, podemos dizer que o ano começa agora, aqui, neste exato momento.

—Essa tal convenção cultural é baseada no clima, nas estações do ano, é algo edificado sobre observações, estudos...

—Eu sei, minha querida, Mas, para nós, para cada ser anfíbio, o ano começa e renasce a cada manhã.

—Então, Rospo, um forte abraço. Deixe-me abraçá-lo. Afinal é assim que se diz "Feliz Ano Novo"...

—"Será que ela se convenceu ou queria só abraçar?"

—Ouvi seu pensamento, Rospo. Você está certo. Sou movida por abraços, e tem mais: Sinto a extraordinária força da manhã, que vem me dizer que não só o conceito de ano novo, mas a vida renasce ela toda, em mim, e nas coisas do ar.

—"Ela é a sapa!"

HISTÓRIAS DO ROSPO 2012    —767

Marciano Vasques