sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O SAPO E A GARAPA

—Rospo! Hoje é sexta-feira!
—Yupiiii!
—Que alegria, Rospo!
—Hoje é sexta! Ninguém é de Ninguém.
—Rospo! Pare com isso! Tal coisa só existe na sua cabeça. Todo mundo é de todo mundo. Devia ficar feliz porque amanhã é sábado. E um sábado em janeiro é sempre um esplendor. Dentro de cada sapo.
—Tem razão! Um sábado de sol resplandecente. Sol dourando a areia das praias, azulejando o céu num penteado límpido de desembaraçar nuvens. Um sol radiante, aconchegante, a nos aquecer a alma, e a festa.
—Festa?
—O corpo é uma festa, lembra?
—Entendo... Sei que não você não é utópico, mas, onde estará esse sol amanhã? Não reparou que só chove? O sapo que não reciclar as ideias pode até mofar.
—É mesmo! Muita chuva. A culpa é do compadre Jorge Ben Jor.
—Rospo, mesmo com essa brisa friorenta uma garapa iria bem.
—Sapabela, estou pegando garupa no seu desejo. Vamos procurar um garapeiro.
—Não me canso de dizer que você é meu melhor amigo. Aliás, como me sinto bem ao seu lado! Diverte-me  e me faz refletir.
—Você já reflete, Sapabela. Vejo seu brilho nas coisas que são. Um sapo que não tem olhos para uma sapa que gosta de poesia da boa, aprecia música de beleza, é refinada, requintada..., um sapo que não vê esse requinte é um requentado.
—Rospo, nem tomamos a garapa mas já me deixou mais doce que a própria.
—Tem uma coisa, Sapabela. Nenhum elogio é falso.
—E nenhum será vão.
—Veja! Lá está o garapeiro! Yupiiii!
—Que areia, que praia!
—Sapabela, está delirando? Tem praia aqui não.
—Estou garapada.

HSTÓRIAS DO ROSPO 2012 — 766
Marciano Vasques

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