quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O SAPO E O SÁBIO

—Rospo, gosta de melancia?
—Adoro essa curcubitácea.
—Curcubitácea?
—Melancia não é fruta, querida.
—Que coisa!...
—Sabia que alguns morcegos são frugívoros?
—Rospo, o que deu em você?
—Estou brincando, Sapabela.
—Sei disso. Mas não entendi ainda a brincadeira.
—É sobre o sábio.
—Sábio é quem sabe um bom vocabulário? Quem conhece palavras difíceis?
—É comum, atualmente, se confundir o sábio com o sujeito que tem muita informação.
—O que é um sábio, meu amigo? Eu não sei!
—Também não sei, Sapabela. Espere um pouco!
—O que foi, Rospo?
—Aquela sapa está batendo na sapinha.
—Vá até lá, Rospo!
—Dona!
—O que foi, Sapo?
—A senhora está batendo na criança!
—Sim, é minha filha, bato mesmo, e se precisar bato até esquentar a mão.
—Não sabe, dona Sapa, que está diante daquela que será no futuro a sua melhor amiga? Não consegue também entender que ela atualmente é indefesa? Não pode reagir? Quando uma criança apanha, é só ela que dói. Ela tem que apanhar sem poder se defender. Não consegue ver isso?
—Sapo, não amole! A filha é minha e bato sim. Agora, dá licença que tenho que continuar. Quem é o senhor para interromper uma surra?
—Senhora Sapa, tenho a obrigação universal de defender a criança, pois ela é indefesa em qualquer lugar do planeta.
— Para quem está ligando, Sapo?

Sapabela, que de longe a tudo observa, comenta para si:
—É, agora eu sei.


HISTÓRIAS DO ROSPO 2012 — 761
Marciano Vasques

Um comentário:

  1. "Tenho a obrigação universa de defende4r a criança,," Isso é ser sábio!
    Luz
    Ana

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