quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

SOLIDÕES

Esquecimento abre a janela,
Na fugacidade das coisas
Que quedam na mudez
Entrecruzada nos diálogos
Que  ao ralo
Do mero descaso,
Escorrem,
Bruscamente dissipando-se,
Em distraídas 
Mágoas.

As coisas simples
—gestos, raras palavras —
Poderiam abrir
A vida.

Gerações numa casa,
Em infrutíferas colisões.

Quem saberia
Se o viver
Começaria no exato momento
Em que os sonhos
Se ergueriam
Além da poeira
Da cristaleira?

O que dela sabe a família?

Poderia bem mais que retrós,
O jantar
Do silêncio mastigado
Com a mesma avidez
De nas mãos reter
O que as fotos preservam,
Num miúdo fiapo de
Amarelecida felicidade.


Vida: barco de cordas
Na serena quietude esverdeada
Das ondas circulares
De um lago logo ali.

No afã de girassóis, carrosséis,
Clamando a explosiva 
Audácia de ser.


Ah, se pudessem saber!
Ela é  mais que um simples fazer.
Mergulha, emerge,
Ninguém vê.

Quem tem atenção
Ao que pode um rosto
Ausente
Mostrar?


Quem  no tempo esmerou-se
Para compreender
O Adeus?:
Compreendê-lo feito
Aos poucos.
Na aspereza e no desperdício
De cada instante.



MARCIANO VASQUES

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