segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

FRAGMENTOS

Ainda penso que você pode pensar
Que a poesia devolva a necessidade aflita
De outras noites que arderam em febre de luar.

Ainda torço para que a vida distorcida
Diante do marasmo sem o mar.
Da tela azulada
Da falta de movimento
Da carência de angústia
Na sala da sala da sala...


Ainda quero com garra a aflição
Num poema doente de bolero e amor.
Almejo que me vejam
No mesmo olhar que um dia
Teatralizou a vida no palco  puro
De conversa avarandada.


Ainda penso que você não dispensa o pensar.
A alegria de um livro o vinho a fúria mansa
Dos que vagam pelas ruas
Não compartilhadas
Na severa insensata acomodação
Sem as almas remotas
Que remetem
Seus ais como propaganda
Do que de fato
Nos faria melhor.


Ainda penso que além dos beijos claros
Nas bocas úmidas batizadas
Nos verbos loucos do querer.
Nos corpos  que se buscam,
O olhar se nubla na ilusão
De que descartar o abismo
Da vontade não dilacerada
Seja o repouso ideal.




MV

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