quarta-feira, 17 de julho de 2013

MOÇA DE MOÇAMBIQUE

A olaria,
O alambique.

O doce caseiro:
Nem sabe, moço,
Como  é reconfortante...
Veludo no braseiro
Ou na mudez cortante...

Nem um dique
Represa
A correnteza
dessa vida...
Nos passos de poeira avermelhada....
As panelas fumegando na periferia.
Esgotadas  almas almejando
Janelas
Com flores artificiais
Num roto plástico, e cortinas
Com bordados invisíveis.
E vidraças ensaboadas...

O desejo não desbota...
E o sorriso é o viço do rosto.

Visse?

E num clique
Fica tão bonita.
O piercing, a saia curta, o jeans.

Não verás cadência igual.

Num repique de festa anunciada
Numa distância feita pra sonhar...
Pra que cuidar da psique
Se fica um charme só viver?...

Sem perder jamais o pique
Ser uma flor na aridez.

E a moça de moçambique...
No tique-taque do cabelo,
E na onomatopeia
da insônia.

O tempo passa, mas não leva
Essa alegria de moqueca...
Do aroma do bolo de aipim...
Do rosado giz do alfenim...
De moleca...
Rabiscando
E Rebuscando
A cada novo amanhecer
A doçura de viver.

MARCIANO VASQUES


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