O DESFILE DE EGOS

—Sapabela, que saudades!
—Rospo! Que alegria!
—Yupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
—Está bem, está bem!...
—Novidades?

—Conversa pronta, meu querido, para o licor de anis.
—É isso que o Sapo gosta!
—Uau!
—Então?
—Na passarela da vida, tem um desfile impressionante, Rospo!
—Que desfile?
—Assistiu ainda não, meu nego?
—Meu nego? Adoro isso! Sapabela...
—Já sei, é disso que o sapo gosta.
—A vida é fascinante...
—Sei quem anda dizendo isso.
—Metalinguagem, que coisa boa!
—Falando na vida fascinante, soube que pôs na rede a Isabela Brave cantando a música do tubarão.
—"E ela prossegue na metalinguagem!"
—Prossigo, sim, meu querido.
—Lê pensamento, meu bem?
—A sapa através dos séculos e séculos Amém, desenvolveu formas de sobrevivência, de defesa interior, de sobrevivência mesmo... Pensa o quê, meu querido?
—Explique!
—Ora, Rospo, a Sapa desenvolveu a intuição. Essa forma filosófica de sabedoria... Podemos dizer assim.
—Isso daria uma dissertação de mestrado, uma tese de doutorado...
—Pois é isso mesmo, a intuição foi desenvolvida pela Sapa através de seus ancestrais... de geração em geração, e é uma das mais ricas formas de sabedoria...
—Que coisa mais linda!
—Rospo, dizem que se uma sapa cruza as pernas interrompe qualquer mesa de bancada de mestrado ou doutorado...
—Já ouvi falar...
—Mas quando a sapa abre a boca pode revolucionar o tempo...
—Sim, por isso é sempre bom pensar nas camadas do tempo. Tinha um cantor chamado de brega que dizia numa letra, que havia ido numa casa de prostituição e dizia assim para a menina: "Eu vou tirar você desse lugar, eu vou levar você para ficar comigo"...
—Sim?
—E hoje se diz em certo movimento musical: "Cachorra, eu vou levar você para aquele lugar!"...
—Entendo, meu caro...
—Fala "Nego" novamente... Adoro! É a ternura da alma popular...
—Eu não! Você vai fazer aquele Yupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! estridente...
—Sei, que você adora. É como um licor de anis sonoro.
—Não exagere!
—Mas, e o tal desfile?
—É o desfile de egos.
—Conheço, conheço!
—Vamos? Chegamos! Veja as luzes da padaria!
—Sapabela, sou tão feliz por ter a sua companhia...
—Rospo, guarde esse segredo numa caixa de bombons: amizade é o maior tesouro.
 —Yupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! 
—Impressionante! Já pensou depois do licor de anis?

ROSPO 2013 — 879

Marciano Vasques