quinta-feira, 16 de junho de 2011

HOJE É QUINTA-FEIRA

Entre rosários e roseiras, e almas pequenas, lá passeia o Rospo num entardecer dominical.
— Espere um pouco! Hoje ainda é quinta-feira.

— Desculpe-me, bem, lá segue ele pela calçada quando encontra uma velha conhecida.
— Sapabela!
— Rospo! Que sábado lindo!
— Hoje é quinta, minha querida.
—  É mesmo! É que um encontro com você modifica até o dia...
—Obrigado! Mas, diga, tem alguma novidade?
— Tenho, descobri quem é a rainha do mundo...
— A imaginação?
— Não, Rospo! É  a opinão pública...
— Concordo, e quase sempre é uma dama de ferro.
— É difícil recolher os estilhaços da alma quando alguém é atingido pela opinião pública...
— Verdade, Rospo, e isso se aplica a todos, aos artistas, aos políticos... E como está a sua luta pela carreira literária?...
— Por que será que uma rosa sempre abre os seus espinhos?
— Do que está falando, meu amigo?
— Nada, pensei alto...
— Você sempre pensa "alto"...
— Eu quis dizer que você sempre traz à tona assuntos espinhosos... Falando nisso, quando lancei o meu primeiro livro fui mostrar para uma amiga...
— E então?
— Era um livro de poesia...
— E então?
— Ela perguntou quanto eu ganhava, se valia a pena, quanto eu estava recebendo de direitos autorais...
— Só "amigos" perguntam isso, mas, e o que você respondeu?
— Perguntei por que ela perguntou isso...
— E o que ela respondeu?...
— Ficou num silêncio embaraçado...
— Deu a resposta certa...
— Sapabela, o frio está chegando... Mas ainda dá tempo para um sorvete...
— Estou mais para uma pipoca, um licor...
— Pipoca e licor... Interessante essa junção em sua alma...
— Rospo! vamos comemorar o nosso sábado?
—Vamos, de sorvete, assim nesta semana comemoramos duas vezes o sábado. A primeira, hoje, na quinta-feira.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 613
Marciano Vasques
Leia CIANO
Leia PALAVRA FIANDEIRA
acessa.me/palavra_fiandeira

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