domingo, 18 de setembro de 2011

A MÁQUINA DO TEMPO

—Rospo! Que bom encontrá-lo por aqui. Hoje decidi organizar, ou seja, botar flores e alegrias em meu organismo.
—Fico feliz por vê-la assim a transbordar de alegria.
—Isso, meu amigo! Transbordar é a palavra mágica. Trans bordar. Nós estamos sempre trans bordando, ou seja, bordando a vida de cores em todos os entrelaçamentos, em todos os recantos.
—Já vi que o Domingo a pegou.
—E tem mais, quero olhar as crianças, quero ver meninos correndo ao vento, pipas no azul, meninas rodeando, pirilampeando, rodopiando na minha alegria. Quero ver crianças. Elas renovam a vida. Elas nos remetem a um tempo que virá, e ao mesmo tempo nos levam aos felizes dias que a outrora nos presenteou... Outrora sempre é tão generosa. Quer dizer, quase sempre, pois afinal,  às vezes, as infâncias são amputadas...
—Mas, qual o motivo, ó minha bordadeira de manhãs que bordam meu coração na borda de um bordado de risos e flores, qual o motivo de ver crianças, qual o sentido dessa necessidade?
—A criança é máquina do tempo.
—Sim, Ela nos faz viver, pois quando estamos com elas ao redor, sabemos que não envelhecemos, e ficamos com a sensação de que não iremos embora. A criança nos permite pensar que, ao nos pôr em contato com uma nova geração, estamos atravessando o tempo, e estaremos um pouco mais... Isso é uma farta generosidade da criança, nos remeter ao futuro, que nos entrega de presente. E  nela todos os tempos estão, ao mesmo tempo, Sapabela.
—Exato, Rospo, é uma autêntica máquina do tempo, ao nosso alcance, brincando ao redor. Uma menina de brinco, que não brinca, é uma menina triste. Moldada para a tristeza acumulada no peito dos seus adultos, e ao brincar, a criança nos leva ao passado, nos devolve o menino que sempre seremos. Nos devolve a encantadora menina que nos rodeia, sempre, exuberante em seu riso.
—Sapabela, que maravilhosa máquina do tempo!
—Está ai, Rospo, é para os que querem ver.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 672

Marciano Vasques

2 comentários:

  1. Marciano,que beleza de diálogo entre Rospo e Sapabela!A criança é mesmo uma máquina do tempo!Que poética e profunda definição!Basta observar o brincar de uma criança que nos vemos ali, e aos nossos pais e avós...rss...um lindo texto!Bjs e bom domingo!

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  2. "Nela todos os tempos estão" Nos remente ao passado e ao futuro. Querido amigo, você bordou com fios de ouro, pontos de cruz e laçadas de amor, este belo e irral diálogo.
    Luz!
    Ana

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