domingo, 18 de dezembro de 2011

NA ALEGRIA DE VIVER

—Rospo, vamos a um pastel assado?
—Já estou lá, Sapabela. Diga onde é!
—Pego você logo mais. Meu carro voltou do conserto.
Amigo, preciso dizer algo antes de desligar.
—Por favor.
—Você não tem o direito de dizer ou sequer pensar em sair da Rede!
—Fale sobre isso, minha amiga.
—Pensa que está sozinho?
 —Não estou entendendo.
—Mas vai entender.
—Está me dando bronca?
—Naturalmente que sim. Sou sua amiga!
—Continue, por favor.
—Nem tem o direito de pensar em sair da Rede, e ficar só no blog. Tem uma riqueza imensa em jogo. Você participa de algo maior, que é o encontro de sapos e sapas que buscam contribuir com o aperfeiçoamento do mundo através das ideias, do pensamento, das palavras e da poesia. Você também é responsável por isso, e em certo sentido, nem se pertence mais. Não tem esse direito. Não me importa se sofre decepções, tem que manter o olhar aceso para as coisas boas que surgem. Tem a obrigação estética, ética em sua vida, de ficar na Rede, já incorporou, já compartilhou o seu coração e a sua alma com essa nova realidade que a época se nos apresenta. A realidade virtual. E tem mais: arrogância, etc, encontrará em toda parte, e tem mais ainda: muitos sapos não querem e não irão mudar. E não adianta Rospo nem adianta mil poetas. Tem que conviver com isso. E saber que alguns corações se abrem em flores desabrochando, são luzes efusivas numa doçura de inflorescência.  Então, meu querido, não venha mais com esse papo de "Vou deixar a Rede"...
—Sapabela, convidou-me para um pastel assado, e está me assando.
—Engano seu. Sou a sua melhor amiga, e amo você. E era isso que eu queria dizer. Agora vá ao portão, que já chego.
—Sapabela, imagino você ao volante, vento na janelinha do carro, expressão de alegria na velocidade da vida.
—Não imagine tanto, Rospo. Viva, por favor! Vá ao portão. E quer saber? Pus o meu mais bonito vestidinho, de um rosa-água, de tão claro e singelo.
—Sapabela, tenho o mais profundo respeito por você, mas...
—Respeito exageradamente profundo, Rospo.
—Como disse?
—Nada. Prossiga.
—Mas quando penso que põe esses vestidinhos para a alegria dos meus olhos.
—Rospo, ponho os vestidinhos para a alegria da vida, para a alegria de ser Sapabela.
—Eu sei, Sapabela, eu sei...
—Sem ficar jururu, Rospo. Deveria já saber que seus olhos são peças principais na minha alegria de viver.

HISTÓRIAS DO ROSPO 734
Marciano Vasques

Um comentário:

  1. Tem uma riqueza imensa em jogo...Você só enriquece o face com suas publicações e presença.

    Luz
    Ana

    ResponderExcluir

Pesquisar neste blog